Independentemente das crenças religiosas de cada indivíduo, a família é uma instituição basilar da sociedade. O Homem, como ser social, nasce integrado numa família e é a partir desta premissa que começa o seu processo de desenvolvimento como ser biopsicossocial e afetivo, sendo esta última característica mais espiritual, mas não menos importante que as outras três. Esta é, sem dúvida, essencial à condição de bem-estar da pessoa humana.
Enquanto assistente social, deparo-me com indivíduos sob os quais as suas vivências estão totalmente direcionadas para o ambiente familiar, sejam elas a nível socioeconómico, familiar ou cultural. Dentro deste contexto é necessário existir um aconselhamento e apoio sociais que permitam uma intervenção assente numa abordagem sistémica, de forma que o indivíduo esteja contextualizado tanto na família como na sociedade. É partir daqui que se estabelecem as relações interpessoais, nas quais o afeto, a empatia, a segurança, a participação e a satisfação com a vida são fundamentais no processo de envelhecimento e nos cuidados a ter com as pessoas idosas.
Depois de vários meses a viver num estado de pandemia presume-se que este tipo de comportamentos se tenha perdido um pouco, portanto é importante que se perceba a relevância que estes simples indicadores podem ter sob sujeitos com mais idade. Convivência, carinho e afeto são aspetos necessários àqueles que tem ao seu cuidado outros indivíduos. A partir de uma “Engenharia Social” (definição usada por Alfredo Henriquez) criada por todos os que estão dentro do ambiente institucional, é crucial que exista um esforço suplementar para amenizar as carências, de forma a servir de intermediários e facilitadores. Necessidades que ultrapassam a profissão e se tornam numa vocação, numa missão e num modo de vida apaixonante, feito de dificuldades, superações e concretizações.
Dra. Elsa Direitinho
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